Premiê da Espanha anuncia afastamento e que considera deixar poder após investigação judicial contra sua esposa

 

Socialista Pedro Sánchez, no segundo mandato à frente do país europeu, negou suspeitas de tráfico de influência e corrupção por parte de sua esposa e acusou extrema direita de perseguição. Justiça abriu investigação após denúncia de grupo ligado à ultradireita.

O primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, anunciou nesta quarta-feira (24) que fará uma "pausa" nas funções de chefe de governo após a Justiça abrir uma investigação contra sua esposa por suspeitas de corrupção.

A investigação contra a primeira-dama, Begoña Gómez, partiu de uma denúncia apresentada pelo coletivo Manos Limpias, um grupo ligado à extrema direita do país que se dedica a denunciar políticos.

Em uma carta publicada em suas redes sociais, Sánchez negou as acusações, mas disse que se afastará para refletir se continuará no cargo, para o qual ele foi reeleito em novembro depois de eleições antecipadas que ele mesmo convocou (leia mais abaixo).

Ele argumentou que a reflexão é para proteger sua esposa da intensa perseguição que, segundo o premiê, ela vem sofrendo principalmente de partidos e grupo de extrema direita.

"Preciso parar para refletir. Preciso responder à pergunta de se vale a pena (seguir no governo), apesar da lama em que a direita e a ultradireita pretendem converter a política. Se devo continuar à frente do governo ou renunciar a esse grande horro. Sinceramente, não sei", escreveu Sánchez.

A partir da denúncia do grupo de oposição a Pedro Sánchez, o Tribunal Superior de Justiça de Madri abriu uma investigação preliminar Gómez por suspeitas de tráfico de influência e corrupção.

O TSJM indicou que a investigação foi aberta em 16 de abril e que o processo é "secreto".

Questionado no Congresso dos Deputados sobre a investigação, Sánchez respondeu que confia na Justiça.

A decisão do tribunal foi anunciada poucas horas depois de o veículo digital "El Confidencial" ter publicado uma notícia afirmando que os investigadores estavam examinando os vínculos de Gómez com diversas empresas privadas que acabaram recebendo fundos e contratos públicos do governo.

"El Confidencial" afirma que a investigação está relacionada com os supostos vínculos de Gómez com o grupo turístico espanhol Globalia, proprietário da companhia aérea Air Europa, em um momento em que mantinha negociações com o governo para obter um resgate em grande escala para a empresa, gravemente afetada pela queda no tráfego aéreo devido à pandemia do coronavírus.



Naquele momento, Gómez dirigia o IE Africa Center, fundação ligada à escola de negócios Instituto de Empresa (IE), cargo que deixou em 2022.

"El Confidencial" afirma que o "IE Africa Center de Begoña Gómez assinou um acordo de patrocínio com a Globalia em 2020" e que a esposa do presidente do Governo "reuniu-se em particular com o CEO da holding turística, Javier Hidalgo, nos próprios escritórios da empresa".

"Nas mesmas datas, a Globalia estava negociando um resgate milionário com o Governo", acrescentou o veículo.

De fato, em novembro de 2020, o governo de Sánchez ofereceu uma linha de ajuda de 475 milhões de euros (507 milhões de dólares ou 2,7 bilhões de reais na cotação da época) à Air Europa, procedente de um fundo de 10 bilhões de euros destinado a apoiar empresas estratégicas em dificuldades devido à pandemia. A empresa espanhola foi a primeira a se beneficiar deste fundo.

Nesta quarta-feira, a oposição de direita afirmou, por meio de Ester Muñoz, membro da direção do Partido Popular (PP, direita), que é "urgente" que o presidente do Governo dê "explicações". "Tudo é muito grave e tudo acabará vindo à tona", alertou o porta-voz do partido, Borja Sémper.



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